sexta-feira, 30 de julho de 2010

UM VÔO PARA A VIDA




Não sei se você já viveu momentos de medo, medo intenso, daqueles que faz a gente tremer.
Tudo aconteceu no dia em que os meninos da rua colocaram uma rampa de madeira e começaram a saltar de bicicleta. Eu nunca fui muito bom em brincadeiras radicais, diferentes dos meus irmãos que sempre foram mais ousados. Mas aquele foi um dia diferente, pois eu decidi enfrentar os meus medos e peguei minha super bicicleta, uma Monark Mirim (dobrável). A bicicleta não havia crescido na mesma velocidade que eu, e eu já quase não cabia em cima dela, mas mesmo assim tomado de uma coragem extrema entrei na fila. Eu desejei muito que minha hora nunca chegasse, mas chegou e nesse momento já tinha uma torcida formada, pois a nossa turma era muito grande. Naquele momento entendi que eu não tinha como desistir, não tinha volta. Olhei pra rampa e era a maior rampa que eu já tinha visto, e também a primeira que eu iria saltar.
O medo era um sentimento tão intenso que minhas pernas tremiam e as forças pareciam desparecer. “O que vão pensar de mim, se eu desistir? Meus irmãos estão olhando e a turma vai me chamar de amarelão. Se eu não for todos vão rir de mim. Por que decidi fazer isso? Eu podia ter ido para a praça jogar futebol...”
Comecei a pedalar, com muita força , todo mundo começou a gritar e a rampa chegou , subi e voeeeeiiiiii... Pulei muito alto, o mais alto que poderia, mas tive um problema; não fui firme ao segurar a bicicleta, ela foi para um lado e eu para o outro. Duas lembranças ficaram registradas daquele momento: Como cai de barriga no chão, me lembro do gosto da terra, que por sinal é muito ruim. Também dos risos dos meninos - deve ter sido muito engraçado para todos, menos para mim.
Levantei, peguei a magrela (bicicleta) e sai andando rumo a minha casa. Eu não podia chorar e apenas pensava em sair dali. Nessa hora a dor na alma é pior que no corpo, a vergonha dói muito, muito mesmo.
Quando fui atravessar a rua, meu pai estava vindo em minha direção, e eu pensei: “Não basta todo mundo rir de mim, agora provavelmente ainda vou levar uma bronca!” Mas aquele dia na verdade estava separado não para uma derrota e sim para uma das maiores lições que marcaria minha vida. Meu pai me disse:
─ Filho eu vou ficar perto da rampa e você vai de novo, não se preocupe com ninguém, eu estarei ali do seu lado. Você vai conseguir.
Pra mim aquela frase foi uma ordem e não uma sugestão. Palavra de pai tem um poder especial, pois é uma palavra dada com autoridade e amor, e “O perfeito amor lança fora todo o medo” (1 Jo 4.18).
Peguei a bicicleta, cheio de confiança e fui pular outra vez. Agora era diferente na beirada lateral da rampa estava o meu pai de pé, o maior torcedor que um menino pode ter. Pedalei com força, pulei a rampa e consegui permanecer em cima da bicicleta - não desequilibrei. Naquele dia aprendi o quanto é importante a presença de um pai. A situação de derrota foi mudada para vitória.
Hoje, quando estou passando por momentos de medo ou de grande preocupação sou encorajado com a presença do meu Pai Celestial que sempre está do lado da rampa me apoiando em novos saltos que pela grandeza são verdadeiros vôos para novas experiências de vida. “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” (Mt 28.20)

Pr.André Torres

terça-feira, 20 de julho de 2010

"Segura a Onda" - Pr, André Torres