segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A nova reforma Protestante


Irani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.

Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.

O cirurgião Irani Rosique (sentado, de camisa branca, com a Bíblia aberta no colo). Sem cargo de clérigo, ele mobiliza 2.500 pessoas no interior de Rondônia

Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.

Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade” (leia o quadro na última pág.). Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI161499-15228,00-A+NOVA+REFORMA+PROTESTANTE+TRECHO.html

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Reportagem rara (Fonte Globo.com)


Brasileira evita roubo falando de Jesus!


'Ele não era má pessoa', diz brasileira que evitou roubo falando de Jesus
Nayara Gonçalves, de 20 anos, nunca tinha sido assaltada.
Ela diz que ficou chateada ao saber que assaltante foi pego em outro roubo.

Giovana Sanchez Do G1, em São Paulo
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Nayara Gonçalves, em foto de arquivoNayara Gonçalves, em foto de arquivo


Apenas quatro minutos depois de abrir a loja de celulares em que trabalha em Pompano Beach, na sexta-feira retrasada (23), a mineira Nayara Gonçaves viu um homem entrar todo vestido de preto. Ela percebeu que havia algo estranho, mas não conseguiu fechar a porta a tempo. Ele se aproximou do balcão, perguntou preços de aparelhos e logo mostrou uma arma, anunciando um assalto. Ao invés de entregar de cara tudo o que tinha no caixa, Nayara decidiu conversar com o homem, e acabou convencendo ele a desistir do roubo.

"Percebi que ele não era má pessoa. [...] Ele disse que odiava ter que fazer aquilo, mas que precisava de todo o dinheiro que tinha no caixa. Eu disse: 'antes de fazer qualquer coisa eu quero te falar um pouco de Jesus'. Comecei a dizer que era evangélica e que esse não era o caminho certo. Ele ouviu, não apontou mais a arma pra mim e falou que precisava de US$ 300 para não ser despejado do apartamento em que morava", disse a brasileira de 20 anos em entrevista ao G1, por telefone.

O assaltante, depois identificado como Israel Camacho, de 37 anos, disse que Nayara estava certa e que não queria machucá-la. Ela ofereceu ajuda para ele arrumar um emprego, e ele disse que já tinha um trabalho, mas precisava do dinheiro imediatamente. "Jesus pode mudar a sua vida", ela disse. Já a caminho da porta, o assaltante olhou para a brasileira e mostrou a arma falando: "quer saber de uma coisa? Isso nem é de verdade, é uma arma de brinquedo."
nayaraCena gravada pelas cãmeras de segurança da loja
(Foto: Reprodução/TV Globo)

Nayara nunca foi assaltada antes. Nascida em Mantena (MG), ela mora com a família nos EUA há cinco anos e é gerente da loja. "Fiquei muito nervosa, porque não sabia qual seria a reação dele. Meu chefe quando viu as imagens das câmeras de segurança disse que eu era louca, que devia ter entregado o dinheiro. A policial da delegacia me falou que nunca tinha visto algo assim."

A fala da brasileira pode ter poupado um assalto à loja em que trabalha, mas não impediu que o assaltante voltasse a roubar. Camacho foi preso no mesmo dia, após invadir uma loja de sapatos poucas horas depois da tentativa frustrada de levar dinheiro do estabelecimento onde Nayara trabalha. "Fiquei muito chateada quando soube. Achei que ele realmente tinha se arrependido, que eu tinha plantado uma semente em seu coração. Mas acho que agora ele vai repensar e ainda pode fazer um compromisso com Deus."

fonte:http://g1.globo.com/